O debate social é formado por diversas vozes que expressam suas ansiedades, desejos e necessidades e que só podem ser compreendidas em um cenário banhado pela luz da História. É a leitura que guarda a memória dos povos através das mais diversas formas de literatura, como narrativas, contos, crônicas e lendas, formando cidadãos plenos e críticos, que sabem lutar por seus direitos. Adaptadas às diversas idades, elas participam da construção do caráter da criança através da demonstração exemplificada dos conceitos de valores, ética, justiça, harmonia e respeito e suas projeções contrárias que, afinal, também fazem parte da essência humana.

A formação de leitores garante uma sociedade mais justa, mais sábia e mais equilibrada, com cidadãos conscientes de suas necessidades mas também de suas obrigações, antenados com os erros do passado e em busca de soluções para o futuro. Agente questionador pelo conhecimento transmitido, a leitura sempre foi vista como perigosa por aqueles que pretendem manter a escuridão para fazer valer apenas a sua suposta luz.

Na Alemanha nazista assim que subiu ao poder Hitler determinou a queima em praça pública de livros que iam contra a sua propaganda de governo: Karl Marx, Thomas Mann, Albert Einstein e Sigmund Freud foram apenas alguns dos autores que arderam nas piras. O hábito de manter a população na ignorância, no entanto, é muito anterior ao ditador. No Egito Antigo o faraó Akhnatón queimou milhares de papiros deixados por seu antecessor Ramsés II que falavam de demiurgos e espectros, acabando com 75% de toda a literatura da época.

Em 213 a.C., na China, o primeiro ditador da Dinastia Chin queimou todos os livros que falavam sobre a moral e as ideias dos povos antigos. Mas foi a destruição da imensa Biblioteca de Alexandria, em 642, que se tornou emblemática: apesar das divergências, de acordo com a história oficial milhares de livros foram incendiados por ordem de Amr ibn al-As pouco após ter comandado a conquista do Egito. É o desejo de impor e manter uma soberania conquistada pela força que aniquila qualquer ideia que possa significar uma ameaça, uma interferência no regime estabelecido de fato.

Propiciar e incentivar o hábito da leitura é permitir à criança um desenvolvimento que lhe permita fazer as conexões necessárias das partes para obter um todo coerente – criando, assim, indivíduos conscientes de seu papel na sociedade, preparados para encarar adversidades e cobrar por seus direitos, apostando em uma sociedade do futuro menos egoísta e mais humana.

Seu filho gosta de ler? Conte para a gente como incentiva o hábito da leitura na sua casa aqui nos comentários!