O triste índice de leitura do brasileiro

O triste índice de leitura do brasileiro

Quando Monteiro Lobato disse que “um país se faz com homens e livros”, o fundador da primeira editora brasileira não imaginava que um dia o Brasil apresentaria um índice de leitura médio de 1,7 livro por ano, de acordo com o próprio ministro da Cultura, Juca Ferreira – que classificou o percentual como “uma vergonha”. O problema, na verdade, é bem maior do que parece, porque além da quantidade há ainda a questão da qualidade, já que, segundo o ministro, muitas pessoas “chegam à leitura pela periferia, com livros de autoajuda”. Sem leitura não há cultura, não há pensamento crítico, não há mudança e nem transformação social.

Reflexos já são notados nos alunos da rede pública

Os reflexos de cidadãos sem o hábito da leitura já despontam em várias situações. De acordo com os dados do Ministério da Educação divulgados em dezembro de 2014, um em cada quatro estudantes da rede pública apresenta o nível mais baixo de avaliação na Língua Portuguesa. Se a leitura aumenta o vocabulário, facilita a escrita, forma senso crítico e estimula a criatividade, o que esperar de uma população que, em média, não consegue ler sequer dois livros por ano?

Acesso à internet facilita a leitura

Não vale a pena apontar o preço dos livros como empecilho para uma causa que é cultural. Em um país que conta com nada menos que 306 milhões de dispositivos conectados à internet, de acordo com o 26º Relatório Anual de Tecnologia da Informação da Fundação Getúlio Vargas divulgado em abril, é a falta do hábito de leitura que conta, não o preço dos livros – afinal são três terminais (tablets, computadores ou smartphones) para cada dois habitantes, o que é suficiente para os milhares de livros virtuais serem acessados a qualquer instante. Só de computadores e tablets são 152 milhões de unidades, ou seja, três para quatro habitantes do país.

Falta de incentivo forma um círculo vicioso

A raiz do problema está na escola e na família. Deve haver mais inclusão de leitura no currículo escolar de forma efetiva desde os primeiros deveres de casa, antes mesmo da alfabetização – e aí o papel dos pais é fundamental, já que ao lerem para seus filhos estimulam o prazer da contação de histórias que despertará o desejo da leitura. E da família, que muitas vezes por já não ter o hábito serve de exemplo e automaticamente cria obstáculos para desenvolvê-lo, comumente creditando apenas aos educadores a tarefa. É indispensável que em casa haja disponibilidade do material de leitura, mas é bom lembrar que quantidade nem sempre é qualidade, e que também é papel dos pais buscarem materiais adequados para a faixa etária dos filhos.

Leitura deve ser prazer, não obrigação

O problema reside ainda no fato de muitas pessoas encararem a leitura como uma obrigação, não como um prazer. Torna-se um círculo vicioso cujas maiores prejudicadas são as crianças, que tornam-se indivíduos despreparados para lutar por seus direitos e promoverem mudanças políticas e sócio econômicas, incapazes de exercerem plenamente sua cidadania. Pesquisas apontam que crianças privadas da leitura têm mais dificuldade para a resolução de problemas, momentos em que é exigido um maior deslocamento da sua realidade comum, além de desvantagens em relação à memória de recuperação e retenção.

Brasil tem o menor índice em relação aos vizinhos

Em questões de quantidade, o índice de leitura do brasileiro é o mais baixo entre os vizinhos sul-americanos, onde a Argentina e o Chile apresentam média de 4,6 e 5,4 livros lidos por ano por habitante. Longe da Espanha, com a média anual de 10 livros por pessoa, com certeza, mas ainda muito melhor do que aqui, onde a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro e feita pelo Ibope Inteligência, mostrou que 50% dos entrevistados se disseram não-leitores e 75% deles afirmaram nunca terem frequentado uma biblioteca. Com certeza um cenário que precisa mudar, com urgência.

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