A importância do papel do professor para a compreensão leitora da criança
Por Lúcia Karam, Elefante Letrado, Porto Alegre – 15/01/2018.
A experiência de 47 anos de atuação como professora e coordenadora pedagógica em escolas públicas e privadas mostraram à pedagoga Rosália Alvim Saraiva a importância do papel do professor para a compreensão leitora da criança e a necessidade de uma melhor capacitação nessa área, na formação do profissional responsável.
O professor como mediador da leitura
Formada em Letras e mestre em Educação pela PUC, Rosália acredita que a leitura é um processo interativo entre o texto e o leitor. Para ela, a compreensão de um texto se caracteriza pela utilização do seu conhecimento prévio. Ou seja, o leitor utiliza na leitura o que já sabe, o conhecimento adquirido ao longo da vida. Esse conhecimento prévio compreende, no caso da leitura, a interação de diversos conhecimentos. Quais sejam, o conhecimento textual, o conhecimento linguístico e o conhecimento de mundo. Através da interação destes conhecimentos, o leitor constrói o sentido da leitura e pode compreender o texto. Essa interação se dá através de estratégias de leitura. Quando o leitor antecipa e seleciona dados, infere relações entre eles, verifica-os e autocorrige-se. As estratégias são processos cognitivos não deliberados que facilitam a leitura, tornando-a mais rápida e eficaz.
Logo, o ensino da compreensão leitora nos anos iniciais, passa pela necessidade do professor atuar como mediador entre o texto e o leitor, realizando, com a classe, leituras compartilhadas.
Incentivo à leitura
Segundo Rosália, o estímulo para a criança gostar de ler é importantíssimo. Espaço em que o Elefante Letrado entra como uma excelente ferramenta, junto com livros de papel. Mas, tanto utilizando o livro de papel ou o virtual, o professor tem que trabalhar também de forma compartilhada, como uma forma de ensino que leva a criança a automatizar o uso de estratégias de leitura que garantam a compreensão do texto.
“Dessa forma, aos poucos,” – explica ela – “o aluno deve aprender a enxergar o que existe nas linhas (os dados explícitos), entre as linhas (as inferências) e por trás das linhas (opiniões e valorização do conteúdo do texto. E para isso existem atividades a serem trabalhadas antes, durante e depois da leitura.
“Não adianta a criança ler sozinha, o professor atua como mediador porque ele é leitor fluente e deve saber quais são as estratégias que está usando”, explica a professora.
Formação do professor leitor
“Infelizmente, os cursos de Magistério e de Pedagogia não estão dando conta da agenda de formação nessa área. E o que vemos é um imenso contingente de alunos que são analfabetos funcionais , ou seja, não entendem o que leem. – e, muitas vezes, o professor também é o resultado disso”, afirma. Para ela, o professor tem que ter capacitação leitora e mais formação cultural, o currículo deveria ter uma imersão na leitura com sentido, abrangendo diferentes áreas culturais.
Avaliação da leitura
A escola, de uma forma geral nos níveis fundamentais de ensino, não trabalha as estratégias de leitura que desenvolvem a compreensão leitora. Geralmente, não discrimina que as atividades que servem para um texto narrativo, não servem para um texto expositivo. As atividades sobre compreensão de texto compreendem a leitura individual pelo aluno, perguntas relacionadas ao texto para que respondam (geralmente perguntas explícitas) e depois correção pelo professor. Na verdade, é mais uma avaliação pontual da compreensão leitora do que atividades para ensinar a compreender um texto. Mas, como avaliar a compreensão leitora se ela não foi trabalhada na sala de aula?
Leitura compartilhada
Uma das atividade mais significativas para o ensino da compreensão leitora é a leitura compartilhada.
Etapas da leitura
Escolhido o texto pela professora, ela precisa se apropriar desse texto, que tipo de texto é, fazer uma leitura como leitora fluente, mas percebendo as estratégias que vai usando para perceber o sentido do texto e conseguir fazer depois as intervenções necessárias, durante a leitura em conjunto com seus alunos.
Antes da leitura
É o momento em que a professora apresenta o texto para os alunos para que antecipem o sentido do texto a partir do título e da capa. Ela resgata, através de perguntas, seus conhecimentos prévios sobre o conteúdo que, imaginam, será encontrado no texto, registra suas hipóteses no quadro, para ao longo da leitura ver se eles as confirmam ou precisam fazer as correções, convida-os a observar sumário, autor, gênero e explicitar o objetivo da leitura.
Durante a leitura
É o momento da construção do sentido do texto de forma compartilhada, alunos e professores. Ela lê o texto por partes (ou convida algum aluno para ler, ou eles ouvem na plataforma), para nos momentos adequados e lança perguntas que oportunizem que eles façam seleções, antecipações, inferências, verificações e relações intertextuais. Retomando suas hipóteses iniciais sobre o conteúdo, convida-os a que as confirmem ou a retomem. Durante a leitura, levá-los a perceber pistas gráficas, permitir que formulem perguntas e esclareçam dúvidas sobre o texto. Após, pode abrir espaço para o resumo das ideias, coletivamente.
Depois da leitura
É o momento em que os alunos se afastam do texto para sistematizar o que foi lido. As atividades propostas podem sugerir que eles recapitulem o texto oralmente, façam perguntas para o texto, respondam perguntas, posicionem-se, opinem sobre o texto, reescrevam, resumam, façam um esquema, realizem atividades relacionadas. Essa é a etapa que a escola mais explora. Contudo, só ela não garante o desenvolvimento da habilidade de compreensão dos textos.
Essas etapas de leitura compartilhada podem ser feitas com um livro da plataforma, de acordo com a faixa etária. O professor ainda pode alternar a sua leitura com a leitura do vídeo. Inclusive conectando no power point, em tamanho grande para toda a sala. Uma das atividades pós texto pode ser o jogo previsto na plataforma.
Habilidades e descritores
Ao pensarmos em avaliação da compreensão leitora, não precisamos focar só em situações específicas de avaliação. Numa visão formativa de avaliação, as situações de ensino/aprendizagem devem fornecer não só informações para avaliar o processo dos alunos, mas também dar subsídios aos professores para que ele possa ajustar sua intervenção em função das necessidades de seu grupo.
Em relação à avaliação da compreensão leitora, quando trabalhamos com um texto, precisamos saber qual o objetivo de sua leitura, para que ele serve, qual sua estrutura. A partir daí, precisamos pensar que habilidades de leitura esse texto poderá desenvolver e fazer os questionamentos pertinentes. Por exemplo, um texto narrativo se presta para um determinado tipo de pergunta, um texto expositivo para outro tipo.
Logo, não basta fazermos perguntas quaisquer sobre um texto. Precisamos pontuar quais descritores serão referências para fazer as perguntas cujas respostas mostrem quais as habilidades de leitura esperamos dos alunos. Ou seja, precisamos pensar no que perguntamos e porque perguntamos para que nossas questões sejam pertinentes.
Os professores têm pouca informação sobre quais as habilidades que precisam desenvolver nos seus alunos e quais os descritores que correspondem a essas habilidades. É dos descritores que sairão as propostas de atividades para cada texto. E a partir das respostas é que será possível avaliar quais descritores os alunos já dominam ou precisam de intervenções mais pontuais.
Elefante Letrado
No Elefante Letrado temos três grupos de habilidades (respostas explícitas, estabelecer relações e fazer inferências). E, para cada uma, há um grupo de descritores.
“De modo geral nas escolas, vale o número de perguntas certas para a avaliação, não o nível das questões”, explica. Se fizermos muitas perguntas envolvendo a habilidade de perceber sentido explícito, que é a mais fácil, e poucas envolvendo estabelecer relações e fazer inferências, não saberemos, na real, em qual nível está nosso aluno em relação à compreensão de texto.
Outra característica relevante da Plataforma é o mapeamento e relatório dos descritores de cada habilidade. A funcionalidade permite que o professor veja o desempenho de cada aluno e o da turma como um todo.
“O Elefante está conseguindo uma coisa ótima, não conheço outro material que faz isso. Serve pra saber no que tal aluno deve ser mais trabalhado, permite que se invista em cada aluno”, diz.
Mas alerta que só funciona se o professor souber usar bem o material. Ou seja, estiver capacitado para seu uso.
“Não basta ter computador em sala de aula, tem que saber o que fazer. E se o livro digital entrar não tem como fugir”.
Finaliza a mestre sempre disposta aos novos desafios da educação após mais de quatro décadas de dedicação. “Continuo apaixonada pelo meu trabalho e não quero parar”.
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