BNCC: especialista orienta maneiras de adequar os projetos pedagógicos das escolas ao novo currículo proposto.
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular ), aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e homologada pelo Ministério da Educação em dezembro de 2017, tem o objetivo de definir as áreas do conhecimento integrantes dos currículos e propostas pedagógicas das escolas públicas e particulares de Educação Infantil e Fundamental. Pretende também definir conhecimentos, competências e habilidades em cada disciplina escolar aplicados a situações da vida real. Ela estabelece dez competências gerais que são consideradas básicas ao tratamento didático proposto para a Educação Infantil e Fundamental.
A pedagoga Naime Pigatto, mestre em Educação pela PUC-RS que coordena o Setor Pedagógico do Sinepe/RS (Sindicato do Ensino Privado), explica como realizar diagnósticos, oferencendo aos professores informações especificas que respondam melhor aos seus desafios profissionais. Com sua experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores, Estágio Curricular Supervisionado, Teoria Geral de Planejamento, Políticas Educacionais, Legislação do Ensino e Desenvolvimento Curricular, ela comenta qual o papel das equipes pedagógicas, do professor e do aluno e qual o grau de autonomia do docente. E diz que é urgente repensar a formação de professores, que hoje passa por muitos questionamentos.
– De que maneira os professores estão se preparando para as mudanças previstas com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovada no ano passado?
A BNCC da Educação Infantil e do Ensino Fundamental já é realidade para as instituições privadas do RS. A equipe gestora-pedagógica vem realizando reuniões de estudos para que os professores possam analisar o documento. O SINEPE/RS também proporcionou evento aos seus associados, trazendo especialistas que explicaram como as habilidades foram aparecendo no decorrer da base, em nível crescente de complexidade para atingir as dez competências determinadas.
É importante que o trabalho com os professores seja feito através de diferentes metodologias, desde seminários e trabalhos em grupos. Esses grupos podem ser mesclados muitas vezes, de modo que os professores da Educação Infantil e os professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental possam estar juntos. Isso enriquece o trabalho e todos poderão visualizar a trajetória das habilidades no decorrer nos anos de escolarização.
– Como as equipes pedagógicas das escolas devem se organizar para atender aos requisitos da BNCC?
Como a base mostra o mínimo de habilidades que cada componente curricular (para o Ensino Fundamental) ou campo de experiências (para a Educação Infantil) deve trabalhar, as instituições podem aproveitar esse momento para fazer uma avaliação interna com seus professores a respeito da qualidade das avaliações que são realizadas diante do que existe traçado nos planos de estudos, por exemplo. Perguntas sobre: o que trabalhamos? Por que determinado objeto de conhecimento precisa ser trabalhado? O que ainda não contemplamos ou precisamos alterar nos nossos Planos de Estudos (para o Ensino Fundamental) e no Plano Orientador das Práticas Pedagógicas da Educação Infantil de maneira que a transversalidade e a interdisciplinaridade possam realmente acontecer?
Não basta somente analisar as habilidades expressadas na BNCC, os professores precisam observar que a metodologia também precisará ser revista.
– E como fica o papel do aluno e do professor?
O aluno na BNCC é considerado protagonista e o professor é o mediador. Nas dez competências, se olharmos objetivamente para elas, veremos três grandes ênfases do trabalho a ser desenvolvido ao longo de toda a Educação Básica: a cognição (competência 01 a 03), a comunicação (04 a 06) e o socioemocional (7 a 10). O que isso implica? Olhar para o sujeito da aprendizagem não só como sujeito cognitivo, mas ser humano que precisa aprender a ser e aprender a se relacionar. E isso a base deixa bem claro. É importante frisar que a BNCC é um documento orientador para a construção do currículo das escolas, e elas têm autonomia para, a partir do seu projeto pedagógico construir um novo texto.
– Como oferecer formações específicas para que cada professor possa escolher aquelas que respondam melhor aos seus desafios profissionais?
O professor precisa compreender que na sociedade globalizada e tecnológica que vivemos, não basta esperar pela formação continuada oferecida pela escola. Ele mesmo precisa buscar conhecimentos e colocar-se na condição de professor aprendiz.
– É possível dar-lhes um grau de autonomia diante das orientações para que cada um planeje o currículo de acordo com sua escola?
No ensino privado, o grau de autonomia do professor na elaboração do seu planejamento e atuação precisa estar coerente com a proposta pedagógica da sua instituição.
– Como vê a antecipação da idade máxima para conclusão do processo de alfabetização? Acha que é possível que a criança conclua a alfabetização com um aprendizado de leitura e escrita adequado? Como alfabetizar a partir do que orienta a BNCC?
Na minha opinião, a escola hoje sofre muitas interferências e o professor às vezes se sente perdido diante de tantas normativas e tendências pedagógicas propostas.
A alfabetização é um tema polêmico. Negar que as crianças hoje estão mais ativas, tecnológicas e interagem facilmente com a língua escrita é negar as possibilidades e potencialidades que elas possuem. Acredito que a escola é quem deveria definir como ocorrerá o trabalho com a alfabetização, pois ali existem profissionais aptos para decidir em conjunto o que é melhor para o desenvolvimento infantil.
Concordo com a antecipação da idade, mas de modo que isso ocorra ludicamente, permitindo que a descoberta da escrita seja um processo prazeroso. A base chama a atenção para a antecipação do processo de alfabetização, mas deixa claro que esse trabalho não pode ficar restrito somente aos dois primeiros anos.
– Acha que a base curricular única para todo o Brasil vai, de fato, influenciar as políticas públicas?
A BNCC é uma política pública, pois ela traça um roteiro de como as escolas precisam se organizar a fim de construir o seu currículo. As avaliações nacionais como o SAEB já estão sendo planejadas à luz desse documento. O que é urgente e requer atenção por parte dos governantes é uma política pública que repense a formação de professores, que hoje passa por muitos questionamentos a respeito do perfil de profissional que está sendo formado. Não adianta termos uma BNCC se ela não for explorada, aprimorada e realmente colocada em prática nos cursos que formam professores.
Confira também no blog do Elefante Letrado: Formação de professores: os desafios dos novos profissionais
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Adorei amo receber informações. Muito obrigada
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boa tarde preciso fazer um projeto sobre a pandemia, mas conforme a BNCC, vc pode me ajudar
Oi, Kely! Tudo bem?
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Um abraço,
Equipe Elefante Letrado