Avaliação do ensino: um caminho para a promoção da aprendizagem

A ideia de que a avaliação do ensino deve ser uma prática permanente infelizmente ainda não é compartilhada por muitos educadores. O mais comum é a crença de que basta avaliar o aluno – como se os resultados da aprendizagem dos conteúdos escolares não fossem predominantemente decorrentes da qualidade do ensino praticado.

Profissionais que defendem uma educação baseada em evidências tratam de identificar, no ensino,  o que efetivamente funciona e o que não funciona para promover a aprendizagem dos estudantes. Isso se dá a partir do reconhecimento dos fatores intrínsecos à sala de aula, ou seja, dos aspectos que podem ser propostos e gerenciados, tais como as atividades pedagógicas e as formas de fazer avaliação. A busca das melhores modelagens para a intervenção docente, nessa perspectiva, visa a que o ensino atenda às diferentes necessidades dos estudantes, dadas as suas condições socioeconômicas, suas motivações, seus limites e possibilidades pessoais.

O estudo Visible Learning, publicado em 2009 e organizado pelo pesquisador neozelandês John Hattie, revela que apenas metade de todas as atividades propostas  em sala de aula realmente impactam a aprendizagem dos alunos. Segundo a professora Mônica Timm de Carvalho, em Educação 3.0 – Novas Perspectivas para o Ensino (2017), “há uma perda inestimável de recursos e esforços em nossas escolas, que passa despercebida devido à ausência da prática de avaliação institucional”. Ela defende que se implemente um conjunto de princípios e procedimentos pedagógicos que rompam com a lógica educacional vigente, ainda pouco preocupada em considerar a avaliação do impacto da docência na promoção dos resultados educacionais. Está mais do que na hora de associar-se o êxito do ensino ao sucesso de quem aprende, ou seja, é fundamental que se identifique a ampliação que o ensino provoca ou não na curva de aprendizagem dos estudantes.

 Avaliações sistemáticas da efetividade do ensino, se comprometidas primeiramente com a aprendizagem claramente identificável no ambiente escolar, acabam por promover consideráveis melhorias na qualidade da educação.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA DOCÊNCIA COMO PRÁTICA DE GESTÃO ESCOLAR

Sem dúvida, a avaliação dos estudantes é aspecto fundamental nas práticas educacionais, mas pode assumir maior relevo e efetividade se também for entendida como uma avaliação da qualidade do ensino. Essa relação, contudo, é muitas vezes refutada, sob a alegação de que não é possível “culpar” os professores pelo insucesso dos estudantes, já que as causas do fracasso escolar estariam predominantemente na vulnerabilidade social, na falta de atenção da família, nas dificuldades individuais de aprendizagem etc. Com muita facilidade, a responsabilidade pelo fracasso escolar é reportada a fatores exógenos à sala de aula – como se o papel do professor fosse o de mero contemplador; jamais, o de protagonista.

Professores e gestores protagonistas buscam formas de recolher evidências fidedignas dos níveis atuais e dos níveis desejados de realização de cada aluno. Verificam a progressão do ponto atual em que está o aluno para o ponto desejado – e organizam suas práticas para que as expectativas de aprendizagem se confirmem nos resultados obtidos. 

DICAS

Diagnóstico como ponto de partida

As turmas não costumam ser homogêneas quanto às habilidades conquistadas pelos estudantes. Identificar os diferentes níveis de proficiência dos alunos é fundamental para que as proposições didáticas atendam às diferentes necessidades de aprendizagem.

Definição e compartilhamento dos objetivos de aprendizagem

Professores reflexivos, motivados e com clareza dos objetivos educacionais geram a empatia dos alunos e, por consequência, mobilizam nos estudantes a confiança na eficiência do ensino e em sua própria capacidade para atender às expectativas de aprendizagem. 

Planejamento como principal instrumento técnico da docência

Terá mais êxito na promoção das aprendizagens a escola que proporcionar mais espaços de planejamento conjunto com os professores. E tão logo o planejamento seja executado, é importante a avaliação do impacto das escolhas pedagógicas. “As instituições e os profissionais que não se propuserem a refletir sistemática e permanentemente sobre suas práticas, visando a atualizá-las e qualificá-las para garantir a aprendizagem dos estudantes, por certo rumarão para a perda de significado social”, destaca Mônica Timm de Carvalho.

Escuta ativa

Uma sala de aula dialógica apresenta efeito poderoso na participação e na aprendizagem dos alunos. São os estudantes os que mais fazem perguntas e comentam suas ideias. Com isso, os professores podem aprender muito a respeito dos seus efeitos sobre a aprendizagem dos alunos ao escutá-los, pensando em voz alta. 

Feedback

Nas conversas ou nos pareceres enviados pelo professor ao estudante, é importante haver a indicação dos objetivos a serem alcançados e as orientações sobre como atingir esses objetivos. O propósito é fornecer um retorno efetivo, que seja oportuno e personalizado. 

No Ambiente de Aprendizagem Elefante Letrado, é possível acompanhar o progresso de cada aluno, com base em evidências fidedignas. A plataforma oferece ferramentas que auxiliam o monitoramento, permitindo aos educadores visualizar indicadores do desenvolvimento das habilidades de leitura, facilitando a identificação dos aspectos que necessitam de maior atenção e suporte.

Fontes:
HATTIE, John. Aprendizagem visível para professores: como maximizar o impacto da aprendizagem. Porto Alegre: Penso, 2017.
CARVALHO, Mônica Timm de. Educação 3.0 – Novas Perspectivas para o Ensino. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2017.

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