Versão digital do livro “Brincar com as Palavras”, de José Jorge Letria, na letra “L”.

Poesia porque sim!

Para o grande poeta e estudioso da poesia para crianças José Paulo Paes, poesia e prosa são percebidas de formas diferentes pelas crianças: enquanto a leitura de narrativas faz a criança viver aventuras na pele dos personagens, numa fusão de realidade e fantasia, a poesia proporciona à criança não um movimento sequencial (do início ao fim), mas o de ir e voltar. 

Poesia

Versão digital do livro “Piolho na Rapunzel”, de Leo Cunha, na letra “L”.

Passam a ser brincadeiras para serem desvendadas pelo leitor as surpresas que o poeta esconde nas palavras. A poesia provoca o que Paes chama de “desautomatização da leitura”, ou seja, o que está em jogo não é a sequência, mas o significado

Poesia

Versão digital do livro “Museu Desmiolado”, de Alexandre Brito,  na letra “T”.

O poeta lança mão de diversos recursos que prendem a atenção do leitor: rima, repetições de sons, ritmo dos versos, comparações, oposições, simetrias de palavras ou expressões em versos sucessivos, tudo para atingir aquilo à que a poesia se propõe, que não é pouca coisa: “mostrar a perene novidade da vida e do mundo; atiçar o poder de imaginação das pessoas, libertando-as da mesmice da rotina; fazê-las sentir mais profundamente o significado dos seres e das coisas; estabelecer entre estas a correspondência e parentesco inusitados que apontem para uma misteriosa unidade cósmica; ligar entre si o imaginário e o vivido, o sonhar e a realidade como partes igualmente importantes da nossa experiência de vida.”

Poesia

Versão digital do livro “Dever de Casa”, de Carlos Urbim, na letra “L”.

Poesia

Versão digital do livro “Fases da Lua”, de Marilda Castanha, na letra “M”.

Paes acredita que a poesia seduz naturalmente a criança e que a forma de entendê-la e apreciá-la é intuitiva. O grande mestre sugere que o professor proponha jogos de criação a partir do que implicitamente estiver sugerido pelo poeta, ou ainda que proponha a musicalização de poemas (enfatizando ritmo e métrica, acentuando as rimas e aliterações) ou a leitura em jogral (privilegiando o caráter coletivo e lúdico).A esse respeito, Paes pondera que o viés pedagógico da literatura para crianças é inegável, “mas não deve sobrepor-se ao lúdico e ao ficcional, ao poder de distrair e divertir que constitui a própria razão dela”.

E, agora, mãos às obras: no Elefante Letrado, 39 livros classificados no gênero “Poema” esperam por vocês!

Referência
PAES, José Paulo. Poesia para crianças. São Paulo: Giordano, 1996

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