Projeto-piloto em escola pública impacta o ensino da leitura

Projeto-piloto teve início durante o segundo semestre de 2017, na rede municipal de ensino de Porto Alegre.

Por Lúcia Karam, Elefante Letrado, Porto Alegre – 18/12/2017.

 

“Quando tem Internet em casa e minha mãe não guarda o celular eu leio muito. Já li quase 60 livros do Elefante Letrado e me sinto orgulhosa de ter lido porque penso em ser escritora quando crescer. Gosto de escrever  comédia, terror, romance. A gente deve ler para ter consciência quando escrever. Talvez me convidem para falar sobre meu próprio livro e é muita responsabilidade escrever. E eu vou pedir para incluir meu livro no Elefante. Poderia ser golfinho letrado, que é um dos animais mais inteligentes do mundo, mas elefante é legal porque ele é inteligente também e o letrado é porque a gente usa para aprender a ler e a escrever.”

 

Quem conta sobre o desejo de escrever sua própria história é a aluna Jade Silvana, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ildo Meneghetti. Ela tem oito anos de idade e estuda no terceiro ano, uma das turmas que utilizam a Plataforma.

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Jade Silvane

Escolha

A escola do bairro Rubem Berta de Porto Alegre foi escolhida como piloto para usar a ferramenta por ter um projeto pedagógico consistente, que se destaca entre as unidades da rede municipal de ensino, além de possuir wi fi. A EMEF tem a leitura e exercícios de compreensão como atividades constantes em todos os níveis, inseridos em todas as disciplinas.

“Não nos importa o número de livros que são lidos, mas sim a compreensão. Os alunos estão gostando do Elefante Letrado, que veio para somar ao trabalho que já desenvolvemos”, diz Angelita Pôrto e Silva, diretora da escola.

“Na hora de pensar em qual escola fazer esse piloto, de primeira a gente pensou no Ildo. Porque dentro do projeto pedagógico da escola a grande temática é a leitura. A escola por si só faz uma série de atividades envolvendo a compreensão leitora”, conta Bruno Bittencourt, coordenador de Projetos da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (Smed).”

 

No entanto, as escolas da rede municipal apresentam muitos problemas do ponto de vista da compreensão da capacidade leitora, mesmo todas tendo biblioteca e com condições de fazer um trabalho no campo da leitura, explica a diretora pedagógica da Smed, Maria Cláudia Bombassaro. “Então, o Elefante Letrado está mostrando as deficiências nesse campo e provocando os professores a retomarem ou aprofundarem questões didáticas em relação ao processo de leitura das crianças”.

Compreensão leitora

Segundo Maria Cláudia, a competência leitora básica na escola pública está muito aquém do que deveria ser e por isso há tantos alunos que não aprendem e o índice em proficiência em português, e consequentemente em matemática, é tão baixo:

“Sem formar a compreensão leitora, o aluno não consegue avançar nos seus estudos. E a plataforma está bem pensada, pedagogicamente fundamentada de forma criteriosa para essa questão. Temos muita coisa no mercado, mas o Elefante se diferencia. Por trabalhar com a competência básica do sujeito é que acreditamos tanto na sua potência. Ela é rica porque é inovadora, divertida, esteticamente atrativa e de fácil interatividade. E com um portfólio de livros de alto valor cultural e literário.”

 

Planejamento pedagógico

“É um recurso que se insere em um projeto maior. Há uma diferença entre recurso e projeto pedagógico, e estamos tendo o cuidado de fazer a inserção aliada à realidade e ao cotidiano da escola”, completa a supervisora pedagógica do Ciclo de Alfabetização, Patrícia Espíndola Teixeira. Ela conta que os professores acham muito interessante dispor da plataforma virtual e, para ela, o trabalho deles a partir da ferramenta é o que faz a diferença. “O que temos visto é que o trabalho coletivo tem sido muito importante por causa da mediação do professor que faz a exploração do material, ele que conduz. O manejo individual com os tablets funciona mais com os maiores, a partir do segundo ano”, explica Patrícia.

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Estudantes da 2º série utilizam a plataforma em sala de aula, por meio de tablets.

Para Bruno, o processo de construção feito a muitas mãos já é um resultado positivo. “É tão importante quanto o resultado que virá”, diz.

Segundo Angelita, os docentes fazem reuniões para trocar ideias sobre o uso da plataforma, além da capacitação e planejamento para o uso do Elefante Letrado na escola, e a ideia é pegar o material e fazer um pequeno documento com dicas e estratégias.

“Os professores municipais são muito autores, e é importante dizer que temos uma rede inclusiva. Todas as turmas têm aluno de inclusão, com síndromes e transtornos variados e, sendo na periferia, reúne várias culturas, e a violência física e moral é constante. Então trabalhamos a leitura e a escrita dentro da sala de aula com esses problemas, com um aluno que exige um currículo adaptado, diferenciado”.

 

Infraestrutura

A instituição – que fica em dois prédios cada um de um lado da calçada – conta com canchas para esportes e uma horta feita pelos estudantes. No contraturno, tem turmas para aulas de artes, música e robótica. 51 turmas – 43 do Jardim ao 9º ano do ensino fundamental no turno diurno e oito do EJA (Educação de Jovens e Adultos) à noite – ocupam esses espaços. Do total, 140 alunos de cinco turmas, do 1º ao 5º ano (uma de cada), utilizam a plataforma. O recurso é usado uma vez por semana por meio dos tablets na sala de aula, além de outros dois momentos: um na sala de informática, em duplas nos computadores, e outro na sala de vídeo, com leitura coletiva, compartilhada entre a professora e os alunos.

Antes de comprar os equipamentos, foi instalado um Wi-Fi altamente potente, que envolve toda a comunidade. Segundo Maria Cláudia, as crianças que moram perto conseguem acessar a rede de suas casas e muitos alunos do bairro ficam em volta da escola utilizando o sinal.”Isso é um grande ganho que independe de classe social, porque a tecnologia está para todos. Precisamos dar sequência ao projeto e dar acesso a mais jovens”, disse.

Entre as 99 escolas da rede municipal (56 de Ensino Fundamental e 43 de Educação Infantil), quatro estão com Wi-Fi instalado.

Experiência com a Plataforma

Para Bruno, o Elefante entrou para suprir dois grandes objetivos, desenvolver a compreensão leitora e realizar a inserção tecnológica no processo de aprendizado.

“O que já percebemos como benefício foi a gamificação, que desperta interesse muito forte nos alunos, e o que é legal é que não é uma competição entre eles, mas cada um buscando ampliar seu conhecimento. E outro ponto muito importante são os exercícios”.

 

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Luciano dos Santos utiliza o Elefante Letrado através do tablet.

“Como há a possibilidade de ter mais livros, os que já gostavam de ler estão encantados e leem bastante”, afirma a professora Maria Bernardete Chaves, do 5º ano. Ela conta como são os três momentos durante a semana em que usa o Elefante Letrado. Na sala de vídeo, onde ela acessa e faz a leitura compartilhada, trabalha com intervenções.

“Eu sempre dou tarefas em função do que está sendo trabalhado em outras disciplinas. No momento é sobre plantas medicinais e alimentação saudável, então escolho leituras que tenham a ver para integrar a Plataforma com o que está sendo feita na aula”, diz. Há o dia com o tablet, de modo geral livre com a biblioteca aberta, e no laboratório de informática, com leitura na plataforma e um pouco de pesquisa sobre o tema que está sendo desenvolvido.

 

São vários os espaços utilizados na escola para a prática da alfabetização. Duas bibliotecas – uma infantil, onde as crianças têm a hora do conto; e outra para o ensino fundamental, onde os alunos têm um horário específico para leitura individual. Na sala de aula, há uma pequena biblioteca, uma caixinha com um acervo que cada professor vai constituindo com livros de contos, na maioria, histórias em quadrinhos, livros reunidos por meio de doações, campanhas de reposição ou acervo próprio do professor.

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Biblioteca infantil da EMEF Ildo Meneghetti.

Segundo Patrícia, há vários manejos para a alfabetização. Para o primeiro ano há um material pedagógico feito pelos professores, com o qual é trabalhado o letramento e o numeramento a partir de contos, copiado e encadernado na própria escola. Para os 2º e 3º anos, há a hora do conto na sala, com diferentes gêneros literários: narrativas, receitas, convites, bilhetes (estruturas textuais menores), informativos, cartazes.

Mas, para Patrícia, há uma diferença de contato com o livro e a leitura do livro:

“Nós percebemos, e isso é um fator nacional, que há necessidade de trabalho com leitura, porque no Brasil a formação docente é para a escrita, no desenvolvimento da leitura a gente sente a falta de qualificação do docente”, explica.

 

Estudantes do 2º ano durante o momento da leitura em sala de aula.

“Quando nós reconstruímos o projeto político-pedagógico e a gente se deparou com os referenciais curriculares e com os objetivos avaliativos de trabalho, nós percebemos que precisaria uma inserção maior de descritores de leitura, nos interessa que o aluno saiba o que escreve e entenda o que o outro escreve, e isso tem sido nosso desafio”, disse.

“Eu quero o aluno proficiente em leitura, que ele compreenda o que lê, porque ninguém tira isso dele, e assim ele faz uma trajetória, um percurso escolar de muito mais sucesso, e o Elefante Letrado entra no principal elemento que vai organizar o sucesso escolar, que é a competência leitora”, finaliza Maria Cláudia.

Depoimentos

“É letrado porque tem letra pra gente aprender, livros e imagens para pensar. Já li 37 livros, mas às vezes eu repito e leio de novo”.
Adriana Camargo de Souza
, 9 anos, 3º ano.

 


“Gosto muito dele porque tem bastante livros e são legais. Lia muito antes aqui e em casa, tenho um tablet”.
Maria Isabele Guagliardo Pires, 9 anos, 3º ano.

 

 

“Adoro, adoro, adoro. Leio em casa também. Senti que era muito legal quando eu conheci bem, tem mais livros, e eu tenho muitos livros na mochila e em casa”.
Andressa Pereira, 9 anos, 3º ano.

 


“Quando a professora falou do Elefante eu fiquei sentada olhando. Achei legal. Peguei meu tablet para ler para minha irmã, que é bebê, e ela repetia pra mim. Todo dia em casa eu leio pra ela”.
Cassiane Pereira, 8 anos 3º ano.

 


“Adoro ler livros. Tenho quatro prateleiras cheias de livros. Já li duas letras do Elefante, A e B. Os que eu mais gostei são os que são para imaginar o que não está escrito”.
Maria Luiza Cardoso, 10 anos, 3º ano.


“Li mais de 40 livros. Chego em casa e começo a ler, mas gosto mais de ler aqui no tablet”.
Kauã dos Santos, 8 anos, 2º ano.

 

“Já li 90 livros. Leio com meus irmãos em casa. Os jogos eu ganho, sempre consigo passar para a outra fase”.
Linda Janaína, 7 anos, 2º ano.

 

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