Rosinha: Desafio do ilustrador é a formação do leitor visual

Por Lúcia Karam

Com quase uma centena de livros publicados – sete deles no catálogo da Elefante Letrado – Rosinha tem uma trajetória marcante na literatura infantil, entre a escrita e a ilustração: cria as próprias histórias, reconta a tradição popular, narra conhecidos contos infantis apenas com imagens, adapta romances da literatura de cordel a partir de xilogravuras. Pode ser prosa ou poema; usar madeira, papel ou tecido; bordar ou pintar com tinta acrílica, lápis ou guache.

“Cada livro me indica um caminho estético e então uso os materiais que tiverem a ver com aquele texto, e para mim é uma diversão procurar sempre uma técnica nova”.

Até agosto, a autora lança seu mais novo trabalho, Mar de Cecília, poemas com ilustrações de grafite sobre papel em cima de uma camada de gesso acrílico e lápis de cor, que trata sobre sua relação com a poesia de Cecília Meireles. “O texto está estruturado como uma poesia, apesar de eu não ser poeta, e mostra minha vivência como leitora de Cecília”.

Rosinha trocou a Arquitetura pela literatura infantil. Começou a carreira pela ilustração, quando resolveu presentear a escola onde os filhos estudavam com imagens das canções que eles aprendiam. “Uma amiga viu, gostou e levou na Bagaço, de Recife, e acabei fazendo seis livros com a editora”. A partir de 1997 começou a trabalhar em livros autorais, estimulada por alguns editores, como Sérgio, da Editora do Brasil, e Annete Baldi, da Projeto, que a convidou para escrever seu primeiro livro, Esmeralda.

rosinha

Foto: Tiago Calazans

Nesses 20 anos, teve vários trabalhos premiados pela Fundação Nacional de Livro Infantil e Juvenil, e a Coleção Palavra Rimada com Imagem (Projeto) ganhou os prêmios Açorianos e Jabuti. No ano passado, Chapeuzinho Vermelho (Editora Callis) recebeu o Prêmio White Ravens, catálogo da International Youth Library, de Munique. Rosinha também participa de exposições da sua obra em vários países.

A autora mora em Olinda. Em Recife, onde nasceu, criou a escola Usina de Imagens, onde forma ilustradores. “Não é tarefa fácil formar o leitor visual, porque temos uma sociedade praticamente analfabeta visualmente, é difícil ler imagem, não somos orientados para isso, existe toda uma gramática visual que não nos é ensinada, mas é muito gratificante quando o leitor entende os ícones, os signos das imagens”.

Desafio maior, para ela, é juntar texto e imagem dando o mesmo significado sem um repetir o outro. “São dois signos diferentes ao mesmo tempo em que são os mesmos, porque se vê imagem na hora da leitura ou da escrita, e se vê narrativa quando está desenhando. Quando se consegue unir os dois, se potencializa a comunicação”.

“O processo é parecido se começo a partir da imagem ou a partir da narrativa. A gente precisa refletir sobre o que a imagem ou o texto fala, buscar significado dentro da gente, o entendimento dentro do universo pessoal para poder transpor para outra linguagem e fazer as correspondências”, explica. A artista diz que o trabalho é mais árduo quando o livro é autoral: “é mais prazeroso por ter mais liberdade, mas por isso mais assustador quando o texto e a ilustração são minhas, enquanto se a narrativa é de outro, eu não tenho como interferir no texto”.

Como arte-educadora, tem preocupação com a formação de leitores, e dá atenção especial à sessões de autógrafos, conversas em escolas, rodas de bate-papos. “É quando a gente vê o livro funcionando, pois tem uma distância entre eu estar em casa sozinha criando e o livro sendo vivenciado, e esse feedback a gente só consegue quando está na presença deles, ouvindo as dúvidas, as curiosidades”.

Da mesma forma, acredita que o acesso ao livro digital também a aproxima do leitor. “Para mim é muito legal ter livros incluídos na Elefante Letrado, eu acho um privilégio, porque sei que mais alunos terão acesso a eles, pois o problema de distribuição no Brasil é muito sério, e tem muitos lugares onde o livro não chega, então, se algumas escolas têm acesso a uma plataforma como essa é claro que o livro passa a chegar com mais facilidade nas mãos ou nos aparelhos dos leitores”.

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Comentários (4)

  1. Marli
    junho 22, 2020 at 4:09 pm Responder

    Maravilhoso trabalho. Parabéns!
    Como faço para adquirir?

    • Elefante Letrado
      junho 24, 2020 at 11:45 am Responder

      Muito obrigado, Marli! Ficamos felizes com a sua mensagem 🙂

      Você pode solicitar um orçamento para a sua escola através deste link: http://www.elefanteletrado.com.br/contato/escola/
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      Aguardamos o seu contato por lá! 🙂

      Um abraço,
      Equipe Elefante Letrado

  2. Raquel Brasiliense Elsemann
    abril 8, 2024 at 5:42 pm Responder

    Por favor, qual é o sobrenome da Rosinha. Sou bibliotecária e o sistema de cadastro dos livros precisa de um sobrenome.

    • Elefante Letrado
      abril 9, 2024 at 9:35 am Responder

      Olá, Raquel! Como está?
      Entramos em contato pelo suporte para ajudar com sua dúvida. 🙂
      Ficamos à disposição!
      Abraços,
      Equipe Elefante Letrado

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