Literatura: De hobby à segunda profissão
As aventuras da galinha Josefina do “Cadê o Fubá?” irão ganhar continuação com o novo livro que Silviane Sasson está preparando para 2018. Este ano, a escritora vem à Feira do Livro de Porto Alegre para o lançamento da segunda edição da obra. Mas ela promete não parar por aí, já que a literatura passou de um hobby a uma segunda profissão dessa advogada curitibana desde que a galinha Josefina ganhou forma e cor com as ilustrações de Oscar Reinstein, que a acompanha novamente na empreitada.
Em entrevista para o blog do Elefante Letrado, Silviane conta um pouco mais sobre carreira, livros, filhos, crianças e escola.
EL – O que a motivou a escrever depois de já ter uma longa carreira em outra área?
SS – Amo escrever desde sempre. Tenho 46 anos, sou advogada desde 1994, formada pela UFPR, e sócia de um escritório de advocacia. Assim escrevo, mesmo sendo textos jurídicos, todos os dias. Tenho um blog (um tanto adormecido – silvianesasson.blogspot.com) com crônicas sobre os deliciosos diálogos com as minhas filhas e as reflexões que essas conversas com as crianças proporcionam aos adultos. Em 2012 ganhei o primeiro lugar em um concurso cultural de contos e isso me animou a pensar em tirar alguma de minhas histórias infantis, escritas a partir das histórias inventadas para minhas filhas, do computador.
EL – Então a maternidade teve influência na decisão de focar no público infantil?
SS – Adoro escrever desde criança! Diários, redações na escola, pequenos poemas, longas cartas a amigos de longe (bem antes da era da internet!). Mas foi desde que me tornei mãe da Gabriela que comecei a escrever histórias. As inventadas sempre foram as historinhas prediletas da Gabriela para a hora de dormir e mais tarde da Paula também. (casada com André há 21 anos, Silviane é mãe de duas meninas, Gabriela, com quase 17, e Paula, com 9 anos).
EL – E o Cadê o Fubá? contribuiu de que forma?
SS – O Cadê o Fubá? foi lançado em setembro de 2016 e então a literatura passou de um delicioso hobby a uma segunda profissão. Ver o Cadê o Fubá? ganhar forma, cores e as prateleiras das livrarias e bibliotecas me trouxe imensa alegria, leveza e o estímulo a tirar outras historinhas do papel.
EL – Como foi que surgiu a ideia do livro?
SS – Para não esquecer do que inventava, passei a escrever as historinhas e guardar. O Cadê o Fubá? ficou (como ainda estão outras histórias) guardado por muitos anos. Então reencontrei o Oscar Reinstein, que conhecia da infância, e fiquei maravilhada com o traço e as cores de seus desenhos. E pra minha alegria ele topou o desafio de ilustrar este que foi seu primeiro trabalho de ilustração de um livro infantil. E o resultado ficou lindo, vivo, super colorido! Com o boneco do livro pronto veio a ideia de incluir a receita do bolo de fubá que a galinha Josefina prepara, como forma de uma maior interação das crianças com a história e para que trouxessem as aventuras da galinha e do Pintinho para uma atividade do seu cotidiano.
EL – Como foi a experiência de escrever com a parceria do ilustrador?
SS – É incrível ver a forma que o outro dá para o que eu imaginei. A ilustração é um aspecto muito importante na literatura infantil. Os traços e as cores, inclusive da capa, são o que muitas vezes chamam a atenção do pequeno leitor, que só depois passa a curtir a história. Nunca experimentei criar histórias a partir das imagens, mas não sei se funcionaria para mim.
Livro “Cadê o Fubá?” durante o lançamento – Créditos: Facebook
EL – Como o livro online pode contribuir na formação do leitor na infância e na juventude?
SS – Não é uma questão de querer e me parece uma enorme besteira tenta resistir: o mundo hoje é completamente digital! As crianças desde muito pequenas estão expostas e são familiarizadas com as linguagens digitais, seja nos smartphones, tablets, computadores. E não há razão para que seja diferente na literatura. É importante que o livro esteja ao alcance desta galerinha e que converse na mesma linguagem. Se em vez de acessar um joguinho ou apenas música digitalmente a criança puder acessar um livro, não importa se não é um livro físico. Não é uma substituição do livro de papel, mas uma complementação que pode ser igualmente prazerosa. É um caminho para formar o leitor e possibilitar que no futuro ele escolha ser um leitor primordialmente digital ou de livros físicos. O que vale é já ter adquirido o hábito e o prazer pela leitura.
EL – Qual a importância de uma plataforma como Elefante Letrado no desenvolvimento do ensino nas escolas?
SS – Uma plataforma como o Elefante Letrado possibilita um alcance de público infinitamente maior do que apenas as livrarias e bibliotecas. A seleção criteriosa, com identificação de faixa etária e auxílio em atividades complementares e lúdicas a partir dos epubs são sem dúvida incentivos muito importantes ao estímulo da literatura infanto-juvenil. O fato de ser uma plataforma digital possibilita o diálogo da literatura com este público numa linguagem conhecida das crianças e adolescentes, com acesso aos livros tanto na escola como em casa. E com a complementação das versões digitais com alguns exemplares dos livros físicos nas bibliotecas das escolas, certamente o trabalho se torna ainda muito rico. Não há como pensar em estar presente no universo da literatura infantil e estar alheio ao mundo digital.
“Uma plataforma como o Elefante Letrado possibilita um alcance de público infinitamente maior do que apenas as livrarias e bibliotecas.”
EL – O que significou ter livro incluído na plataforma?
SS – Foi um enorme prazer receber o convite para integrar este projeto, ao lado de tantos nomes importantes da literatura infantil. E saber que há crianças espalhadas pelo Brasil todo (e mesmo de fora!) tendo acesso ao Cadê o Fubá? é muito bacana!
EL – Como tem sido a relação com as crianças (em bate papos, sessões de autógrafos) e com os adultos?
SS – As experiências que tenho tido nas escolas ou nas contações de histórias têm sido deliciosas. A curiosidade das crianças e a visão que cada uma traz da leitura da história e suas próprias releituras são incríveis. O bate papo com os pequenos costuma girar em torno da curiosidade sobre os personagens e com os mais velhos sobre a rotina da escrita de um livro. Na escola Eliezer Max, no Rio de Janeiro, quando participamos na feira de literatura no ano passado, a mãe de uma aluna trouxe seu grupo de teatro para fazer uma leitura dramatizada. Foi sensacional! Na escola municipal Colônia Augusta, em Curitiba, as professoras de terceiro ano fizeram uma consigna completa a partir do livro: desde o trajeto de ida ao mercado para a compra do fubá para o bolo, a conta na hora do troco, o gráfico para eleger o chá que seria servido a mim e ao Oscar, o preparo da receita do bolo, a reescrita de um trecho do livro (em versos, como no original) pelas crianças, além do bate papo e do lanche coletivo. São momentos muito ricos, gratificantes!
EL – E o ambiente virtual permite esse contato também?
SS – As redes sociais possibilitam esta interação e esta troca também. Há várias famílias que enviam fotos e mensagens pelo facebook/instagram ou e-mail das crianças preparando o bolo de fubá da Josefina ou lendo o livro em lugares inusitados. Além de professoras que com carinho compartilham as atividades que desenvolveram com as crianças a partir do livro. Acredito que com a divulgação digital do livro isso aconteça ainda com maior intensidade.
EL – Como será a participação na Feira do Livro – autógrafos, palestras, alguma outra atividade?
SS – A primeira edição impressa do Cadê o Fubá? pela editora Inverso está esgotada. E o convite para a feira do livro de Porto Alegre foi uma ótima oportunidade para o lançamento da segunda edição. Então estarei na feira no dia 16 de novembro, às 14h30, autografando os exemplares desta nova edição do livro. Possivelmente terei bate papo em uma ou duas escolas. Ainda estamos organizando esta agenda.
EL – Tem algum novo projeto, um novo lançamento?
SS – Sim! Apesar de ter outras histórias escritas e guardadas, a galinha Josefina roubou meu coração neste momento! Então escrevi uma nova aventura da galinha, o galo Jacó e o Pintinho. O Oscar está trabalhando na ilustração. Vamos manter a mesma linguagem. O lançamento deve acontecer no começo do ano que vem. Mas em breve pretendo desengavetar outras histórias e quem sabe avançar num livro de contos para adultos, a partir de alguns que tenho escritos há vários anos. Literatura é assim: uma coisa puxa a outra (ainda bem!)
Por Lúcia Karam
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