O Diário de Anne Frank

O apreço especial que sempre tive por Anne Frank e sua história veio, antes mesmo de ler seu diário, de uma enfática recomendação de minha avó Doralina, quando eu ainda era criança. E, ao relê-lo agora, na maturidade, para um trabalho, me encanto novamente, talvez mais do que em momentos anteriores.

Como nos toca o diário

Nessa nova leitura, de abril de 2022, depois de dois anos de um período tão difícil para todos nós – com pandemia, isolamento social, centenas de mortes diárias, crise econômica e política, entre outros problemas -, foi inevitável a identificação com os medos e dificuldades que Anne viveu, também por dois anos, com sua família e outros conhecidos, em um esconderijo de Amsterdã/Holanda, em meio à 2ª Guerra Mundial e à perseguição aos judeus.

Acredito que o coração de qualquer leitor – criança, adolescente ou adulto – pode se inundar de admiração pela menina sensível, amorosa, corajosa e solidária que foi Anne Frank, cheia de sentimentos e questionamentos tão profundos, apesar da pouca idade. Ela reflete sobre amor, amizade, feminilidade e relações familiares, entre outros temas, como a própria guerra, é claro, e o conflito que ela lhe traz em relação à sua condição de “protegida no esconderijo” e a dos demais judeus que ficaram no mundo “lá fora”. Também podem emocionar as questões que ela faz a respeito de si mesma e do seu futuro, assim como as contradições que vive, como adolescente que é, só que, no seu caso, agravadas pelo pano de fundo especialmente sofrido, cheio de conflitos cotidianos vividos por um grupo encerrado num espaço restrito e com poucos recursos, inclusive de alimentação.

O diário para Anne e para o mundo

Por sorte, o diário torna-se para Anne aquele(a) amigo(a) de confiança de quem ela tanto sente falta. E no terceiro dia em que nele escreve – 20 de junho de 1942 -, ela diz:

“Escrever um diário é realmente uma experiência estranha para alguém como eu. Não apenas porque nunca escrevi nada antes, mas também porque me parece que, mais tarde, nem eu nem ninguém achará algo interessante nos desabafos de uma garota de 13 anos. Mas isso não importa. Gosto de escrever e quero aliviar o meu coração de todos os pesos. / ‘O papel é mais paciente do que os homens’”.

Mas parece que, ao menos em relação ao futuro interesse por sua escrita, ela estava errada, já que seu diário é um dos livros mais vendidos de todos os tempos, foi traduzido para mais de 60 idiomas nesses 75 anos de publicação e virou filme, peça de teatro, minissérie, desenho animado e HQ, o que não é pouco para um livro escrito por uma menina entre 13 e 15 anos de idade.

O diário hoje

Em todo o caso, há muito o que se pensar desse livro e a partir dele, sendo possíveis inúmeras leituras. Hoje em dia, por exemplo, caberia muito bem, esta sua reflexão, dentre tantas outras do diário, se pensarmos nos problemas do nosso tempo:

“Faço o possível para me conservar calma e não me preocupar. Já cheguei a um ponto em que tanto faz viver ou morrer. O mundo não parará por minha causa, e eu, de minha parte, não posso também fazer parar os acontecimentos. Venha o que vier. Entretanto, estudo e trabalho e tenho esperança de que tudo acabará bem.”

Se, para alguns, a reflexão pode parecer conformista, para quem se dá conta da condição absolutamente limitada para agir em que Anne se encontrava, ela se revela tão madura quanto penosa, sobretudo ao sabermos que foi escrita em 3 de fevereiro de 1944, poucos meses antes do grupo ser encontrado.

Texto de Beth Baldi, que faz parte do grupo de Pesquisa e Desenvolvimento do EL

Obras presentes na Plataforma Elefante Letrado

O diário de Anne Frank > na letra Z

Anne Frank

A árvore no quintal > na letra N
Anne Frank - A Árvore no Quintal

Este livro introduz a delicada história de Anne Frank para o público infantil. A árvore da Prinsengracht 263 observava enquanto a menina brincava e escrevia em seu diário. Quando estranhos invadiram Amsterdã e aviões roncavam acima das cabeças, a árvore via a menina afastar as cortinas do anexo da fábrica do pai para espiá-la. A árvore também viu a menina ser levada dali com sua família – e o seu pai retornar depois da guerra, sozinho. No verão em que Anne Frank completaria oitenta e um anos, a árvore morreu. Mas suas sementes e mudas foram plantadas pelo mundo afora, como símbolo da paz.

Texto de Beth Baldi, que faz parte do grupo de Pesquisa e Desenvolvimento do EL

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