A leitura também influencia diretamente na evolução das redes cerebrais, atuando positivamente na reorientação dos sistemas cerebrais durante o processo de reciclagem neuronal. Resumidamente, podemos falar que sempre que a criança tem acesso e incentivo a aprender a ler e a praticar a leitura no seu dia a dia, os neurônios são estimulados, ocorre a reorientação dos sistemas cerebrais para símbolos novos. Essa reciclagem neuronal acaba por estimular áreas do cérebro referentes à aprendizagem.

Como isso influencia na atividade cerebral?

Um experimento feito em 2010 publicado na Science com o nome de “How learning to read changes the cortical networks for vision and language” sugeriu que a leitura modifica as redes corticais da visão e do processamento linguístico.

Para isso, testaram a atividade cerebral de diferentes grupos de pessoas: 10 analfabetos brasileiros que nunca foram à escola; 21 pessoas alfabetizadas na idade adulta (10 brasileiros e 11 portugueses) e outro grupo com os alfabetizados, que foi formado por 10 brasileiros de NSE alto, 10 de NSE baixo e 12 portugueses.

Todos foram submetidos a um treinamento e todos os sujeitos (exceto os analfabetos) conseguiram aprender a ler; porém, a velocidade de leitura era muito variável. Ao observarem a ação do cérebro, descobriram que a leitura modifica as conexões cerebrais mesmo nos adultos.

Com isso, esse estudo provou que a aprendizagem da leitura resulta em efeito reversivo sobre as áreas onde se realiza o processamento da língua oral e quanto antes essa região for estimulada, melhor. Aprender a ler só podia estar relacionado com uma “reciclagem” do cérebro e regiões que antes eram usadas para outra coisa acabam sendo moldadas para a leitura. Assim, pode-se concluir que o ideal é que o estímulo comece ainda na infância.

Mais pesquisas comprovam isso

Um estudo mais recente com resultados lançados em 2015 pela Pediatric Academic Societies, dos Estados Unidos, concluiu que quanto mais cedo a leitura for colocada na vida da criança, maior será o desenvolvimento da sua rede de neurônios.

Dezenove famílias foram avaliadas e responderam um questionário sobre seus hábitos. Depois, neurologistas analisaram o comportamento cerebral das 19 ao ouvirem uma historinha.

Com isso, concluíram que ler para a criança quando ela é ainda bebê e depois dar a oportunidade que ela tenha contato com a leitura, mesmo quando está dando os primeiros passos para a alfabetização, facilita a compreensão da linguagem e expansão do vocabulário. Assim, pode-se notar que esse tipo de atitude por parte dos pais e educadores influenciará diretamente a alfabetização infantil e em todo o seu aprendizado enquanto adulto.

Assim, pode-se concluir que o contato com a leitura e com histórias deve ser realizado desde os primeiros meses de vida. Cabe aos pais e docentes estimularem esse gosto pela leitura nas crianças, permitindo que se envolvam com as histórias e desfrutem de cada palavra durante a leitura.

Qual o livro que o seu filho ou aluno está lendo hoje? Como é essa prática em seu dia a dia? Comente!